quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sociabilidade


Se bem que não,
nenhuma desavença

voz elevada à ameaça,
certo olho cínico
ou o gesto desmedido,

vão

na verdade,
a incomunicabilidade

a palavra refreada,
quase ausente

o silêncio mundo
cão

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Em defesa do romance


Esse é o nome do artigo do Mario Vargas Llosa na edição deste mês da revista piauí. Ler essa revista é um grande prazer. Ela traz pontos de vista quase antropológicos, me levando a experimentar outras vidas, conhecer detalhes inimagináveis de possibilidades de vida de outros seres humanos. Fora o bom humor, a tiração de sarro. Viver sorrindo é o melhor jeito de passar por este mundo, não acham?

O artigo em questão, um dos mais belos que pude ler nos últimos tempos, é uma defesa veemente e poética da literatura como algo essencial para o ser humano. Deem uma olhada no trecho abaixo pra sentir um cheirinho do texto.


À diferença  do gorjeio dos pássaros ou do espetáculo do sol fundindo-se no horizonte, um poema, um romance não estão pura e simplesmente ali, fabricados por acaso ou pela natureza. São uma criação humana, e é lícito perguntar como e por que nasceram, e o que deram à humanidade para que a literatura, cujas origens remotas se confundem com as da escrita, tenha durado tanto tempo. Nasceram como fantasmas incertos, no íntimo de uma consciência, projetados a ela pelas forças conjugadas do inconsciente, de uma sensibilidade e de algumas emoções, a que, numa luta às vezes implacável com as palavras, o poeta, o narrador, deram forma, corpo, movimento, ritmo, harmonia, vida. Uma vida artificial, feita com a linguagem e a fantasia, que coexiste com a outra, a real, desde tempos imemoriais, e à qual acorrem homens e mulheres porque a vida que têm não lhes basta, não é capaz de oferecer tudo aquilo que gostariam de ter. O romance não começa a existir quando nasce, por obra de um indivíduo; só existe realmente quando é adotado pelos outros e passa a fazer parte da vida social, quando se torna, graças à leitura, experiência partilhada.

Um dos primeiros efeitos benéficos se verifica no plano da linguagem. Uma comunidade sem literatura escrita se exprime com menos precisão, riqueza de nuances e clareza do que outra cujo instrumento principal de comunicação, a palavra, foi cultivado e aperfeiçoado graças aos textos literários. Uma humanidade sem romances, não contaminada pela literatura, se pareceria com uma comunidade de tartamudos e afásicos, atormentada por problemas terríveis de comunicação causados por uma linguagem ordinária e rudimentar.

Isso vale também para os indivíduos, obviamente. Uma pessoa que não lê, ou que lê pouco, ou que lê apenas porcarias, pode falar muito, mas dirá sempre poucas coisas, porque para se exprimir dispõe de um repertório reduzido e inadequado de vocábulos. Não se trata apenas de um limite verbal; é, a um só tempo, um limite intelectual e de horizonte imaginário, uma indigência de pensamentos e de conhecimentos, porque as ideias, os conceitos, mediante os quais nos apropriamos da realidade e dos segredos da nossa condição, não existem dissociados das palavras, por meio das quais as reconhece e define a consciência. Aprende-se a falar com precisão, com profundidade, com rigor e agudeza, graças à boa literatura, e apenas graças a ela.

Nenhuma outra disciplina, nenhum outro ramo das artes, pode substituir a literatura na formação da linguagem com que as pessoas se comunicam. Os conhecimentos que nos transmitem os manuais científicos e os tratados técnicos são fundamentais; mas eles não nos ensinam a dominar as palavras nem a exprimi-las com propriedade: pelo contrário, amiúde são mal escritos e revelam certa confusão linguística porque os autores, às vezes eminências indiscutíveis em sua profissão, são literariamente incultos e não sabem se servir da linguagem para comunicar os tesouros conceituais de que são detentores. Falar bem, dispor de uma linguagem rica e variada, encontrar a expressão adequada para cada ideia ou emoção que se queira comunicar, significa estar mais preparado para pensar, ensinar, aprender, dialogar e, também, para fantasiar, sonhar, sentir e emocionar-se.

De uma maneira sub-reptícia, as palavras reverberam em todas as ações da vida, até mesmo nas que parecem muito distantes da linguagem. Isso, na medida em que, graças à literatura, evoluiu até níveis elevados de refinamento e de sutileza nas nuances, elevou as possibilidades da fruição humana e, com relação ao amor, sublimou os desejos e alçou à categoria de criação artística o ato sexual. Sem a literatura não existiria o erotismo. O amor e o prazer seriam mais pobres, privados de delicadeza e de distinção, da intensidade a que chegam todos aqueles que se educaram e estimularam com a sensibilidade e as fantasias literárias. Não é exagero afirmar que um casal que haja lido Garcilaso, Petrarca, Góngora e Baudelaire ama e usufrui mais do que outro, de analfabetos semi-idiotizados pelas séries de televisão. Em um mundo iletrado, o amor e a fruição não poderiam ser diferenciados daqueles que satisfazem os animais, não iriam além da mera satisfação dos instintos elementares: copular e devorar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O revolucionário


Perdi o medo
Tranco meu castelo no pensamento

Acredito na dor
mas não consinto desespero

Indiferente?
Apenas protejo meus companheiros

Reajo aos poucos, não sou violento

Não creio
mas confiança é minha arma

Encontro consolo: sin perder la ternura jamás
Abandono o destempero

Não choro: anoiteço


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Somente os uísques são felizes


Esse é o nome da peça escrita e dirigida pelo meu irmão que está em cartaz em Sampa. Quem puder, vá prestigiá-lo.

Ah, só não esperem exatamente algo como uma comédia de costumes ou um pastelão...

SOMENTE OS UÍSQUES SÃO FELIZES



Um homem precisa juntar 13 bitucas de cigarro para salvar a humanidade do juízo final. Faltando apenas uma, ele se vê preso em um aposento depois que a chave foi comida por um pássaro de pelúcia com prisão de ventre.


















Texto e direção: Cesar Ribeiro

Com: Ulisses Sakurai, Sergio Silva Coelho e Priscilla Maia

Fotos: Nelson Kao

Design gráfico: Diego Bianchi














Duração: 60 minutos

Idade: 12 anos

Drama cômico

Lotação: 60 lugares

R$ 20 (estudantes e classe teatral pagam 10 mangos, mas se você não está em nenhum desses grupos e quer pagar meia entrada, é só mandar email para cesarribeiroteatro@uol.com.br pedindo para entrar na LISTA CAMARADA. Os descontos ficarão disponíveis na bilheteria do teatro durante toda a temporada)














5 de setembro a 25 de outubro

sábados e domingos 18h30


















Espaço dos Satyros 2

Praça Roosevelt, 134

Tel: 3258.6345

CONTATOS:

blog
BOTECO DO RIBEIRO (aí do lado na lista de blogs comrads)

twitter

orkut

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A melhor poesia de todos os tempos de hoje


Muito difícil escolher só uma do Drummond. Pego a Poesia Completa dele, vou lendo e não dá vontade de parar. Se pudesse, colocava o livro inteiro aqui.

Sigo relendo, saboreando, e me lembro de como eu degustava Drummond, quando tinha meus vinte anos. Só percebo agora o quanto ele influenciou tudo o que escrevi e ainda escrevo - não só meus poemas, mas meu jeito de escolher palavras, antes disso, de pensar o que pretendo escrever.

Pra mim, ele é um grande mestre. Uma dessas pessoas que conseguem pegar o mundo e traduzir em palavras. A gente lê e enxerga o que está lendo. Uma das melhores sensações que existem.

Então vá lá. Já que é pra escolher um, será logo o primeiro do livro. Um clássico, que veio ao mundo no livro Alguma Poesia, de 1930, o primeiro escrito pelo Drummond.

Alguém que começa sua carreira poética com esse poema não é brincadeira, né não?


Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cultivando as sementes saudáveis


A consciência existe em dois níveis, como sementes e como manifestações dessas sementes. Suponhamos que haja em nós uma semente de raiva. Se as condições forem favoráveis, essa semente pode se manifestar como uma zona de energia chamada raiva. Ela arde e nos faz sofrer muito. É muito difícil que possamos sentir alegria no momento em que se manifesta a semente da raiva.

Cada vez que uma semente tem oportunidade de se manifestar, ela produz novas sementes da mesma espécie. Se sentirmos raiva por cinco minutos, novas sementes de raiva serão produzidas e semeadas no solo do nosso inconsciente naqueles cinco minutos. É por isso que temos de ter cuidado ao selecionar o tipo de vida que levamos e as emoções que expressamos. Quando eu sorrio, as sementes do sorriso e da alegria estão brotando. Enquanto elas se manifestarem, novas sementes de sorriso e de alegria estarão sendo plantadas. Se eu, no entanto, não praticar o sorriso por alguns anos, essa semente se enfraquecerá, e eu talvez não consiga mais sorrir.

Há muitos tipos de sementes em nós, boas e más. Algumas foram plantadas durante nossa vida, e transmitidas por nossos pais, nossos antepassados, nossa sociedade. Num minúsculo grão de milho existe o conhecimento, transmitido pelas gerações anteriores, de como brotar e produzir folhas, flores e espigas. Nosso corpo e nossa mente também têm conhecimentos que lhes foram transmitidos por gerações anteriores. Nossos ancestrais e nossos pais nos legaram sementes de alegria, paz e felicidade, bem como sementes de tristeza, raiva e assim por diante.

Cada vez que praticamos viver em plena consciência, plantamos sementes saudáveis e fortalecemos as sementes saudáveis que já estão em nós. As sementes saudáveis funcionam de forma semelhante à dos anticorpos. Quando um vírus penetra em nossa corrente sangüínea, nosso corpo reage, e os anticorpos vêm cercá-lo, cuidar dele e transformá-lo. O mesmo vale para nossas sementes psicológicas. Se plantarmos sementes revigorantes, salutares, curativas, elas tomarão conta das sementes negativas, mesmo que não lhes peçamos nada. Para que isso ocorra, precisamos cultivar uma boa reserva de sementes renovadoras.

Um dia, na aldeia em que moro, perdemos um amigo muito íntimo, um francês que nos ajudou bastante na instalação de Plum Village. Ele teve um ataque cardíaco e morreu durante a noite. Pela manhã soubemos do falecimento. Ele era uma pessoa extremamente afável e nos dava muita alegria sempre que passávamos alguns minutos com ele. Para nós, ele era a própria alegria e paz. Na manhã em que soubemos da sua morte, lamentamos muito não termos passado mais tempo com ele.

Naquela noite, eu não conseguia dormir. A perda de um amigo como esse me doía muito. Mas eu tinha de fazer uma conferência na manhã seguinte e precisava dormir. Por isso, pratiquei a respiração. Era uma noite fria de inverno, e eu estava deitado na cama visualizando as belas árvores do quintal da minha ermida. Anos antes, eu plantara três lindos cedros de uma variedade encontrada no Himalaia. As árvores agora estavam bem altas; e, durante a meditação andando, eu costumava parar para abraçar esses lindos cedros, inspirando e expirando. Os cedros sempre correspondiam ao meu abraço, disso tenho certeza. Fiquei, assim, deitado na cama, só inspirando e expirando, tornando-me um com a respiração e com os cedros. Senti-me muito melhor, mas mesmo assim não conseguia dormir. Afinal, invoquei ao meu consciente a imagem de uma adorável menina vietnamita chamada Pequeno Bambu. Ela chegou à Plum Village quando tinha dois anos de idade, e era tão mimosa que todos queriam segurá-la no colo, especialmente as crianças. Elas não deixavam Pequeno Bambu andar no chão! Agora ela está com seis anos, e ao abraçá-la todos se sentem renovados, maravilhados. Foi assim que a convidei a surgir no meu consciente e pratiquei a respiração e o sorriso diante da sua imagem. Em alguns instantes, adormeci profundamente.

Cada um de nós precisa de uma reserva de sementes que sejam belas, saudáveis e fortes o suficiente para nos ajudar nos momentos difíceis. Às vezes, como a dor em nós é muito forte e concreta, mesmo que tenhamos uma flor à nossa frente, não conseguimos tocá-la. Nesse momento, sabemos que precisamos de ajuda. Se tivermos um depósito repleto de sementes saudáveis, podemos convocar algumas delas a se apresentarem para nos ajudar. Se você tem uma amiga muito próxima que o compreenda bem, se você sabe que sentado ao seu lado, mesmo sem dizer nada você se sente melhor, poderá trazer essa imagem à sua consciência, e vocês dois poderão “respirar juntos". Só isso já pode ser uma grande ajuda em momentos difíceis.

Se você não vê essa amiga há muito tempo, sua imagem pode estar muito apagada para lhe ocorrer facilmente. Se você sabe que ela é a única pessoa que pode ajudá-lo a recuperar seu equilíbrio e se sua imagem dela já estiver muito fraca, só há uma coisa a fazer: compre uma passagem e vá vê-la, para que ela esteja com você não como uma semente, mas como uma pessoa real.

Se você for até ela, deverá saber como passar bem o tempo, porque ele será limitado. Quando chegar, sente-se perto dela, e de imediato se sentirá mais forte. Você sabe, também, que logo terá de voltar para casa. Por isso, precisa aproveitar a oportunidade para praticar a plena consciência em cada precioso momento em que estiver ali. Sua amiga pode ajudá-lo a recuperar o equilíbrio interno, mas isso não basta. Você mesmo deve se fortalecer no íntimo para que se sinta bem quando se encontrar sozinho novamente. É por isso que, sentado ao seu lado ou caminhando com ela, você precisa praticar a plena consciência. Se não o fizer, se apenas usar sua presença para amenizar o sofrimento, a semente da sua imagem não se fortalecerá o bastante para apoiá-lo quando você estiver de volta à sua casa. Precisamos praticar a plena consciência o tempo todo para plantar em nós mesmos sementes renovadoras, curativas. Mais tarde, quando precisarmos delas, elas cuidarão de nós.

O que não está errado?

Muitas vezes perguntamos: "O que está errado?” Ao fazê-lo, convidamos dolorosas sementes de mágoa a se manifestarem. Sentimos depressão, raiva, sofrimento e produzimos mais sementes dessa natureza. Seríamos muito mais felizes se tentássemos nos manter em contato com as sementes saudáveis, alegres, dentro de nós e à nossa volta. Deveríamos aprender a perguntar "O que não está errado?" e a manter contato com a resposta. Há tantos elementos no mundo e no nosso corpo, sentimentos, percepções e consciência, que são saudáveis, revigorantes e medicinais. Se nos bloquearmos, se ficarmos na prisão da nossa tristeza, não entraremos em contato com esses elementos salutares.

A vida está repleta de maravilhas, como o céu azul, a luz do sol, os olhos de um bebê. Nossa respiração, por exemplo, pode ser muito prazerosa. Eu aprecio minha respiração todos os dias. Muitas pessoas, porém, só descobrem a alegria de respirar quando têm asma ou nariz entupido. Não precisamos esperar uma crise de asma para apreciar nossa respiração. A mente alerta para os preciosos elementos da felicidade é em si a prática da correta conscientização. Esses elementos estão dentro de nós e ao nosso redor. Podemos apreciá-los a cada segundo das nossas vidas. Se agirmos assim, serão plantadas em nós sementes de paz, alegria e felicidade, e elas se fortalecerão. O segredo da felicidade é a própria felicidade. Onde quer que estejamos, à hora que for, temos a capacidade de apreciar o sol, a presença do outro, a maravilha da respiração. Não temos de viajar para nenhum lugar para isso. Podemos entrar em contato com esses elementos neste exato instante.

Quando plantamos alface e ela não cresce bem, não pomos a culpa na alface. Investigamos os motivos que a levaram a não se desenvolver. Pode ser que ela precise de mais adubo, mais água ou menos sol. Nunca pomos culpa na alface. No entanto, se temos problemas com nossos amigos ou com nossa família, culpamos os outros. Se soubermos como cuidar das pessoas, elas também se desenvolverão, como a alface. A culpa não produz nenhum efeito positivo, da mesma forma que as tentativas de persuasão pelo raciocínio e pela discussão. Essa é a minha experiência. Nada de culpa, nada de raciocínio, nada de discussão; apenas a compreensão. Se compreendermos e demonstrarmos que compreendemos, o amor se torna possível e a situação se modifica.

Um dia, em Paris, dei uma palestra sobre a ausência de culpa da alface. Depois da palestra, estava só, em meditação andando, quando virei uma esquina e ouvi uma menina de oito anos falando com a mãe, "Mamãe, lembre-se de me regar. Eu sou a sua alface." Fiquei extremamente feliz por ela ter compreendido tão bem minha mensagem. Ouvi, então, a resposta da mãe. "E, minha filha, e eu também sou sua alface. Não se esqueça de me regar também." A mãe e a filha praticavam juntas. Foi muito bonito.

A compreensão

A compreensão e o amor não são dois sentimentos, mas um só. Imagine que seu filho acorda um dia, de manhã, e vê que já é bem tarde. Ele resolve acordar a irmãzinha para que ela tenha tempo de tomar o café da manhã antes de ir para a escola. Acontece que ela está de mau humor e, em vez de lhe agradecer pelo fato de tê-la acordado, ela lhe diz para calar a boca, deixá-la em paz e lhe dá um pontapé. É provável que seu filho se zangue, pensando, "Fui gentil ao acordá-la. Por que ela me chutou?" Ele pode sentir vontade de ir até a cozinha para lhe contar tudo, ou até mesmo pode revidar.

No entanto, quando ele se lembrar que, durante a noite, a irmã tossiu muito, perceberá que ela deve estar doente. Talvez ela tenha se comportado de forma tão intratável por estar resfriada. Nesse momento, ele compreende, e sua raiva desaparece. Quando compreendemos, não podemos deixar de amar. A raiva não nos atinge. Para desenvolver a compreensão, é necessário que pratiquemos a atitude de ver todos os seres humanos com os olhos da compaixão. Quando compreendemos, amamos. E quando amamos, agimos naturalmente de forma que amenize o sofrimento das pessoas.

(Do livro Paz a Cada Passo – Thich Nhat Hanh)

sábado, 3 de outubro de 2009

Roda do Dharma


Sábado passado, eu e Rita fizemos um curso de pintura de símbolos auspiciosos budistas, em São Paulo.

Passamos a manhã ouvindo uma palestra sobre budismo e sobre a atividade que faríamos. Depois, escolhemos os símbolos a serem pintados. A ideia era tentar escolher não o que achássemos mais bonito, mas o que se mostrasse para nós. Fazer a escolha tentando se despir de qualquer coisa que se assemelhasse a uma opinião.

Eu e Rita acabamos escolhendo o mesmo símbolo: a Roda do Dharma.

O Dharma é o conjunto de ensinamentos deixados pelo Buda histórico. Acionar a Roda do Dharma significa colocar em movimento a doutrina do Buda. A ideia é sair da Roda do Samsara - que é nossa condição corriqueira de altos e baixos, felicidade e tristeza, julgamentos - e entrar na Roda do Dharma, gerando carma positivo, praticando compaixão ilimitada e reconhecendo a impermanência de tudo o que não é a verdadeira natureza da mente.

Nós realizamos a pintura desse belo símbolo em um tecido. Depois, fizemos uma meditação na qual pedimos a todos os Budas que abençoassem o tecido com a Roda do Dharma e que ele pudesse beneficiar todos os seres vivos.

Começamos dedicando nosso trabalho aos Budas, depois a nós mesmos, aos nossos pais, aos parentes, aos amigos mais próximos, aos amigos mais distantes, aos colegas, aos colegas dos colegas, a pessoas que não conhecemos, a pessoas em outras cidades, em outros países, a todos os seres que existem...

Foi realmente um dia muito prazeroso, com uma sensação de algo sagrado no ar e uma energia muito positiva sendo gerada. Recomendo a todos os que quiserem participar desse curso, que acontece regularmente. Não é preciso ser budista nem saber sobre budismo. Apenas ter a mente aberta e o coração amoroso.

Aí está minha Roda do Dharma. Ou melhor, nossa Roda do Dharma - de todos nós e também de todos os que não a veem aqui.



Os tibetanos colocam suas bandeiras com os símbolos budistas do lado de fora de suas casas, na frente delas, na janela... Fazem isso para que esses símbolos beneficiem todos, não apenas quem está dentro da casa. Isso inclui, por exemplo, passarinhos que passem por perto da bandeira...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Beds are burning


Vídeo da campanha encabeçada pelo Kofi Annan sobre a importância da conferência do clima em Copenhague:



É uma releitura de uma música do Midnight Oil. É possível baixar a música no site http://www.timeforclimatejustice.org/.

Li num site: "Cada música baixada contará como uma petição digital exclusiva com as pessoas assinando seus nomes para exigir que os líderes mundiais cheguem a uma negociação ambiciosa, justa e global na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em Copenhague".

Bora lá?