segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quem é o mestre?


Sempre quis aprender a tocar um instrumento. Gosto muito de música, desde o rock anos 60/70 até o jazz e o blues, desde a MPB até o trip hop.

Nas poucas vezes em que tentei, desisti rapidamente. Violão, violino, flughorn... Não passei de uns três meses. Sempre a mesma sensação de que não nasci para isso, não tenho ritmo nem afinação para cantar, não tenho a coordenação motora necessária... Sempre a sensação de incapacidade.

Olhando em retrospectiva, hoje acho que isso acontecia porque eu não queria apenas aprender a tocar - eu queria fazer parte do novo Led Zeppelin, ser o novo Hendrix, cantar como Eric Burdon. Imaginava pegar a estrada, fazer shows e me entupir de drogas. Ser mundialmente reconhecido e famoso. Como minha expectativa e autocrítica eram exacerbadas, nos primeiros terríveis acordes eu já achava que não daria certo. E a empolgação morria.

Agora, a história mudou. Com o tempo, percebi que não é preciso ser reconhecido ou famoso mundialmente. Não é preciso sequer ser muito bom no instrumento. Só é preciso curtir, estar feliz por tirar som daquele objeto que estamos manuseando. A experiência beneficia sobretudo quem a experimenta. Se os outros, que a assistem, estarão lá ou não, são outros quinhentos. É consequência.

Como eu percebi isso? Certo dia, encontrei uma ex-namorada que não via há tempos, e ela me disse que os poemas que eu escrevia - e que jamais foram publicados - a haviam feito mudar de vida e decidir trabalhar ensinando arte a crianças carentes. Em outra ocasião, outra amiga me disse que os filmes e os diretores de cinema que eu apresentei a ela ajudaram-na a conseguir um emprego em uma locadora de vídeo. Uma amiga e um amigo se casaram depois que eu a indiquei para um emprego onde ele trabalhava. E por aí vai.

Esses pequenos e grandiosos fatos, que acontecem em nossa vida conforme amadurecemos, mostraram a mim que somos todos mestres, e não apenas aqueles que alcançam sucesso e reconhecimento internacional. Somos mestres de nós mesmos. Se eu me tornar mestre de mim, tentando realizar o que me faz feliz - como tocar um instrumento, por exemplo -, eu poderei irradiar felicidade e amor para aqueles que estão a minha volta, e poderei ajudá-los. Eu serei o maestro de minha vida, que, se bem regida, pode ajudar toda a orquestra da qual eu faço parte a alcançar a harmonia.

É por isso que hoje à noite começarei as aulas de piano. Se eu aprender a tocar a música do danoninho, já está valendo. 



2 comentários:

  1. Luiz,
    passei aqui pra ver como era essa coisa.... Fui ficando, lendo, já até escureceu.
    Bom, sou mais uma então!
    Beijos, com saudades.

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  2. Ei, Samantha!
    Bota saudades nisso! Legal saber que você está por aqui, mesmo sem eu te ver, te falar. Quem sabe uma hora a gente se encontra por aí, talvez num daqueles aniversários da Celi, ou em outro lugar, não é?
    Beijão enorme.

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